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COMO FORMATAR O SEU ROTEIRO
Um Pequeno Guia de Master Scenes
Hugo Moss
AEROPLANO, Rio de Janeiro, 2002 | ISBN 8586579351 | 32 pág.

Como Formatar o seu Roteiro é um guia essencial e indispensável para os roteiristas brasileiros, sejam estes jovens aspirantes ou já profissionais na criação de roteiros. O livro é o primeiro do gênero e vem preencher uma enorme lacuna no fazer do cinema nacional.

A idéia surgiu após o primeiro Laboratório Sundance Brasileiro, onde a maioria dos roteiros sofria de uma espantosa precariedade. Para tentar sanar essa deficiência, Hugo Moss preparou essa pioneira e instrutiva compilação, baseada no padrão de formatação norte-americano, que segue praticamente imutável ao longo de setenta anos, um modelo simples, prático e funcional.

O sistema norte-americano permite que o roteirista escreva com maior clareza, evitando firulas desnecessárias e se atendo ao objetivo principal do roteiro, contar uma história. Ao mesmo tempo, a formatação segue um timing - onde cada página representa cerca de um minuto - proporcionando uma idéia do ritmo e do tamanho do filme.

 
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Seguindo o padrão, cria-se um campo visual familiar ao leitor do roteiro e dificulta o surgimento de um erro muito comum nos roteiros - a inclusão de fatos invisíveis, como a indicação para o ator fazer um "movimento imperceptível" com a cabeça ou a cena em que um carro na auto-estrada deveria indicar que nele segue um grupo de músicos que farão shows gratuitos nas praias cariocas.

Os escritos de Moss são verdadeiras pílulas de eficaz ajuda na feitura proficiente de roteiros criativos.

Hugo Moss é inglês e mora no Brasil desde 1987. Seus serviços de consultoria (análise técnica, assessoria e outros trabalhos de criação) e tradução especializada de roteiros são conhecidos pela maioria de produtoras, cineastas e roteiristas brasileiros. Em 2001 lançou o curso on-line "O Roteiro de Cinema - uma introdução", no site www.roteirista.com.

Entrevista Hugo Moss, autor de Como Formatar o seu Roteiro - um pequeno guia de Master Scenes (Aeroplano Editora)

1) Por que caminhos você chegou ao roteiro e a necessidade de publicar esse guia de formatação?

Ao roteiro, através de uma fascinação, desde cedo, por histórias, primeiro na literatura, e mais tarde no cinema. O guia foi uma sugestão do roteirista americano Tom Rickman, que durante o primeiro Laboratório Sundance Brasileiro, em 1996, reclamou que somente 1 ou 2 dos 10 a 12 roteiros participantes, estavam apresentados de uma maneira profissional.
Publiquei o primeiro guia na internet, ainda em 1996. Em 1998 o ampliei e comecei a fazer edições caseiras, distribuídas nas principais livrarias do Rio e São Paulo. Agora foi ampliado novamente e está sendo publicado por uma editora de verdade.

2) Quais as vantagens para a produção de cinema em seguir seu guia?

A formatação padrão que descrevo foi desenvolvida em Hollywood nos anos 30. Desde então quase não mudou, porque 1) é simples e 2) funciona.
A vantagem maior é que ajuda o roteirista a escrever com clareza, ou melhor, fica mais difícil esconder uma história fraca ou pouco cinematográfica atrás de recursos técnicos e de uma apresentação mais literária.
Além disso, com a formatação "correta" uma página representa mais ou menos um minuto de filme e é claro que é fundamental ter uma idéia do ritmo e do tamanho do seu filme. Outra vantagem é que o leitor começa a ler o roteiro num campo visual que lhe é familiar e não se dispersa levando 5 a 10 páginas para se acostumar com um novo estilo individual.

3) Qual sua experiência do ensino on-line de roteiro de cinema?

O site www.roteirista.com tem sido uma experiência ótima porque consegue viabilizar um velho problema: atender os talentos fora do eixo Rio/São Paulo, onde é muito raro ter ensino de alta qualidade no campo de roteiros para cinema. Comecei recentemente a usar o curso on-line como base para workshops ao vivo, onde alunos, depois de fazer o curso, escrevem um pequeno roteiro de curta que é discutido numa oficina ao vivo durante um fim-de-semana de trabalho intenso. Pequenos grupos de 10 a 12 pessoas, bem íntimo.

4) O que é um bom roteiro? É verdade que esse é black hole do cinema brasileiro?

Definir um bom roteiro é difícil, porque pode ser tantas coisas tão diferentes. O que não funciona em cinema, é se apoiar numa linguagem de televisão - a palavra - para conduzir a história, e isto é um problema muito comum. Outra coisa que muitas vezes sinto falta é rigor, disciplina e energia para levar o roteiro a um ponto mais distante nos misteriosos caminhos de criação. Também me parece que em muitos filmes mais atenção e carinho são dados à fotografia, iluminação, música e outros elementos técnicos do filme, do que à história em si.

Agora, se a história sendo contada for deliciosa eu nunca vou reclamar da iluminação. E se não for, eu sempre vou sair do cinema independente do lindo figurino.

5) Há diferenças entre a formatação de roteiros em diversas culturas e países ou é uma linguagem universal?

Há diferenças, sim. Mas Hollywood (quase) sempre foi o centro do mundo cinematográfico e muitas das técnicas e práticas desenvolvidas lá foram adotadas em outros países e culturas. Ainda mais quando funcionam e ajudam, como no caso da formatação de roteiros.

6) Quais as diferenças entre um texto teatral e um roteiro cinematográfico no sentido em que ambos são apenas a base para a criação e o desenvolvimento de uma dramaturgia?

Uma grande diferença é que uma boa peça de teatro é bom de ler. Ela é, digamos, mais "pronta" do que um roteiro. Em geral, um bom roteiro não é especialmente gostoso de ler, ele exige uma atenção muito especial ao visual. O leitor de um roteiro precisa de muito mais imaginação e alguma experiência ou pelo menos interesse especial por cinema, acredito. Uma peça, não. Uma boa peça já é gostosa de ler, tem inclusive mais valor literário.

7) Como você vê a profissionalização do roteirista no quadro da produção de cinema no Brasil?

Preta. Negra. Quase impossível. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Aqui temos uma situação inversa a dos EUA, onde o jovem roteirista dificilmente consegue chamar atenção entre os milhares de talentos tentando ser ouvidos. No Brasil a competição é muito menor, mas ao mesmo tempo a demanda por "roteiros de especulação" é praticamente zero. Portanto é sempre muito, muito difícil. Agora, se enormes desafios como estes fossem motivos para os verdadeiros artistas deixarem de criar estaríamos perdidos.

8) O que você recomendaria para um jovem cineasta nessas terras abaixo do Equador?

Independente de geografia norte-sul: tenha a disciplina e energia de criar uma obra grande, pessoal, sua. Tenha a paciência de levar seu roteiro bem mais longe do que você mesmo esperava, de não parar no razoável, no "dá-para-filmar". Vá até o seu melhor. Reconheça que vai ser muito difícil, tanto a criação quanto a realização. Muito mais difícil do que você imaginou; e o seu segundo, terceiro e décimo roteiros serão cada vez mais difíceis. Tem um velho ditado Sufi: "de quem fez nada hoje, nada será exigido amanhã. De quem fez algo hoje, mais será exigido amanhã."

9) Você é um artista de múltiplas faces. Fale um pouco sobre suas outras atividades.

A minha principal outra atividade é a pintura. Trabalho no meu ateliê - no charmoso Morro da Conceição, no Centro do Rio (mais info, fotos e etc. em www.moss.com.br) - exclusivamente com minerais e terras de Minas Gerais. Minhas outras grandes paixões culturais são música e boa comida.

10) Qual seu próximo projeto?

Nas artes plásticas estou ainda no meio do último projeto: em 9 de junho inaugurei uma mostra individual no Museu Nacional de Belas Artes, chamado Geologia Interior. A mostra vai até o dia 4 de agosto. Ao mesmo tempo, estou preparando um pequeno filme sobre este trabalho de artista plástico, com filmagens dentro das minas de Minas, colhendo minerais, pintando-os na serra perto de Lavras Novas, trabalhando no ateliê no Rio e depois a exposição no Museu. [fonte: AEROPLANO]


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